“Estamos juntos com as centrais sindicais para barrar este projeto porque ele é nefasto e só vai prejudicar os trabalhadores. Os comerciários estão sendo solidários a esta luta porque compreendem a importância dela. Se não barrarmos este projeto no Congresso Nacional todos os direitos trabalhistas conquistados serão esfacelados.”, afirmou Jaelson Dourado, presidente do Sindcom.
Dados do Dieese
Segundo levantamentos do Dieese, ao comparar trabalhadores que realizavam a mesma função em 2010, os terceirizados recebiam em média 27% a menos do que os contratados diretos, tinham uma jornada semanal 7% maior e permaneciam menos tempo no mesmo trabalho (em média 2,6 anos, ante 5,8 anos para os trabalhadores diretos). Estudo da Unicamp revelou que, dos 40 maiores resgates de trabalhadores em condições análogas à escravidão nos últimos quatro anos, 36 envolviam empresas terceirizadas.
Nailton de Jesus, que participava das manifestações, foi vítima das terceirizações. Segundo ele, a empresa fechou e não pagou sequer o salário do mês aos cerca de 70 colegas de trabalho que prestavam serviços técnicos às empresas Oi, GVT e Net. “A PW Teck, junto com a Net, Oi e GVT, entrou em concordata e disse que não ia pagar nada a ninguém. A terceirizada quebrou e nem o dinheiro do mês e da rescisão pagou a gente. Estamos no sufoco, com filhos em casa passando necessidade, nossa família sem ter nada e a empresa diz que não vai pagar nada a ninguém. Este projeto das terceirizações quebra o trabalhador, não paga nada a ninguém, nos fazem de besta e não tem quem aguente esta pressão”.
Apoios
As ações fizeram parte das atividades do Dia Nacional de Paralisações, convocado pela Central dos Trabalhadores do Brasil e demais centrais sindicais, para chamar a atenção da sociedade para a medida, que é uma forma de institucionalizar o trabalho precário e é contrária a um conjunto de conquistas trabalhistas históricas. E mesmo com toda a chuva que caía na cidade, os lideres sindicais não desistiram e seguiram com as atividades. “Mais uma vez o Congresso Nacional tenta atingir os trabalhadores dando este golpe que é a terceirização. A CTB tem si manifestado, feito várias ações chamando a atenção da população porque o projeto significa retirada de direitos e um retrocesso na vida dos trabalhadores, tanto os atuais como os futuros profissionais.”, destacou Rosa Souza, vice-presidente da CTB Bahia. “A Federação dos Comerciários da Bahia está nesta luta por entender que este projeto traz prejuízos para toda a classe trabalhadora. Neste momento é mais que necessário que os trabalhadores se manifestem e vão para as ruas dizer não a este golpe que a Câmara Federal e o Congresso Nacional querem impor aos trabalhadores.”, disse Antonio Suzart, vice-presidente da Fec Bahia.
O vereador Everaldo Augusto (PCdoB), que foi bancário e tem sua trajetória política iniciada no movimento sindical, também é contra o PL das terceirizações e apoiou os comerciários. “Os efeitos desta Lei são nocivos para todos os trabalhadores porque ela promove uma reforma trabalhista regressiva, contrariando a Constituição Federal, suprimindo a Consolidação das Leis Trabalhistas, passando por cima das Convenções Coletivas de Trabalho, dos acordos coletivos, com enfraquecimento dos sindicatos e precarizando as relações de trabalho. E não é nocivo apenas para os trabalhadores, e sim para toda a sociedade brasileira. Porque quanto mais o trabalho está valorizado mais ganha a economia. Com o trabalho precário cai a renda, o poder de consumo dos trabalhadores e se inicia um processo de regressão na economia. É por isso que a sociedade brasileira está se posicionando contra a aprovação deste projeto.”, afirmou.
Supermercados
Atualmente a CLT permite as terceirizações apenas em setores como: limpeza, merendeira, segurança, portaria, etc., desde que não façam parte da atividade fim da empresa. Caso o PL 4330 seja sancionado, todos as empresas poderão terceirizar os serviços de todos os seus empregados. Para Adilson Alves, presidente do Sintrasuper, nos supermercados a situação tende a piorar. “Os trabalhadores dos supermercados, que já ganham salários baixos, arrochados, e já tem poucos benefícios e poucos direitos, a terceirização vem precarizar mais ainda as relações de trabalho. Trata-se de um projeto que não interessa aos trabalhadores nem o movimento sindical”.