Em 2023, brasileiros querem mais emprego, mais educação e menos polarização

Os brasileiros que fazem a economia girar veem 2023 com um misto de esperança por mais renda e emprego e apreensão com a alta da inflação e o esgarçamento das relações pessoais em um país ainda muito polarizado. Em comum, a expectativa de que, neste primeiro ano de um novo governo, o Brasil consiga reencontrar o caminho da prosperidade.

No mundo

Ações globais tiveram pior ano desde a crise de 2008, com queda de US$ 18 trilhões e a educação aparece como preocupação compartilhada entre brasileiros de diferentes estratos sociais. Para os trabalhadores, a falta de qualificação é um entrave à ascensão social em um país que, no último ano, só gerou empregos de baixa remuneração.  Para os empresários, a dificuldade é recrutar funcionários capacitados.

Que o Brasil assuma protagonismo global como potência verde
Luis Henrique Guimarães, CEO da Cosan, gigante que controla negócios na área de logística ferroviária, distribuição de combustível, lubrificantes, etanol, açúcar e energia, espera, que 2023 “seja um ano de estabilidade, em que a segurança jurídica e a previsibilidade política e econômica sejam pilares que garantam segurança para investimentos.”

Para ele, o Brasil deve priorizar seu potencial ambiental:

Desejo que o Brasil assuma o seu protagonismo global de ser uma potência verde. Nosso país reúne vantagens competitivas e comparativas fundamentais, que se encaixam perfeitamente nas necessidades globais e são muitos os desafios do novo governo, mas creio que é preciso ter um olhar especial para o equilíbrio fiscal. O governo terá que se esforçar para implementar medidas de controle que possam compensar possíveis novas despesas, construindo, assim, um ambiente propício à geração de negócios e criação de empregos — afirma.

À frente do PretaHub e do Instituto Feira Preta, Adriana Barbosa tem atuação reconhecida no impulso a novos negócios. Para ela, em 2023 é preciso voltar as atenções para o microempreendedor individual (MEI), que precisa  ser revisitado. Há qualificações, sobretudo na cultura, na economia criativa, que ele não reflete.

Falta um quesito de cor dentro do MEI. A plataforma deveria ter dados precisos, a serem usados na construção de políticas voltadas para impulsionar o empreendedorismo — destaca ela.

As micro e pequenas empresas respondem por 30% do PIB do país e 44% da massa salarial, segundo dados do Sebrae. Adriana alerta, porém, que é preciso atuar em quatro frentes para ajudar quem é MEI a quebrar o “teto de vidro” do microempreendedorismo e avançar com seu negócio:

Quanto mais pudermos ser plurais, mais vamos avançar
O controle da inflação é o principal desejo do CEO da Tenda, Rodrigo Osmo, já que a empresa sofre com a alta dos preços de materiais de construção. Para ele, a implementação das reformas administrativa e tributária é um desafio para o novo governo, e ambas são o melhor caminho para sinalizar ao mercado financeiro que a trajetória da dívida pública não é ascendente:

As quebras na cadeia de suprimentos, por causa da crise sanitária da Covid-19 e da guerra na Ucrânia, foram prejudiciais. Mas estamos otimistas para o próximo ano. O governo sinalizou que vai facilitar para as famílias de menor poder aquisitivo o acesso à moradia, foco do nosso negócio e houve esgarçamento entre Executivo, Judiciário e Legislativo.

É importante que cada um desses atores se retenha ao papel institucional que precisa seguir. Na sociedade, não há mais espaço para debate. A população saiu muito polarizada da última eleição, o que afetou muitas relações pessoais. Quanto mais pudermos ser plurais, mais vamos avançar como sociedade.

Ninguém ganha com o descompasso das contas pública
Para que o Brasil siga em rota de avanço, em 2023 é preciso privilegiar áreas como educação, saúde, segurança, inovação, empreendedorismo, tecnologia, e tantas outras, que merecem a atenção de políticas públicas e de investimento privado, avalia o CEO do Banco XP, José Berenguer.

Ele diz que o país tem questões imediatas a resolver, mas não pode deixar de pensar no que quer ser no futuro, buscando ser cada mais inclusivo e desenvolvido: O Brasil precisará equacionar os anseios dos campos social e econômico. O mercado tem dado sinais de preocupação em relação à situação fiscal do país. Todos sabemos que ninguém ganha com o descompasso das contas públicas.

Reforma tributária está na agenda, e esperamos impacto positivo na indústria
Otimizar a produção industrial é o desafio mais urgente para o primeiro ano do governo Lula, avalia o presidente da Ternium Brasil, Marcelo Chara. Embora acredite que 2023 será desafiador diante do cenário global com previsão de recessão nas maiores economias do mundo e impacto da crise energética.

Ele ressalta que o país, após queda forte da participação da indústria no PIB, terá a oportunidade de retomar esse espaço e a  reforma tributária está na agenda do novo governo, e esperamos que tenha impacto positivo na competitividade da indústria brasileira. O desenvolvimento do mercado de gás natural, com maior oferta do combustível e preço mais competitivo, também é um tema prioritário para a indústria.

O maior compromisso ambiental do setor privado faz Marcel Jorand, diretor executivo da Urca Energia e CEO da Gás Verde, olhar com otimismo para o ano de 2023. Após a COP27 ter direcionado os holofotes para o assunto, ele espera nos próximos dois anos um grande crescimento da empresa “que transforma lixo em energia”, como descreve, com um investimento de R$ 400 milhões na expansão do negócio.

Uma reforma tributária justa e incentivos a pequenos e médios empresários é o que o CEO do Megamatte, Julio Monteiro, almeja para ver o negócio crescer. Os últimos três anos, devido à Covid-19, à guerra na Ucrânia e à disputa política, foram de aperto nas contas e  que a alta dos juros inviabiliza novos investimentos. E gostaria que o limite do Simples Nacional fosse elevado:

A maioria dos empresários de varejo está enquadrada no Simples Nacional, que tem um limite baixo. Se ele passa desse valor, a carga tributária é enorme. É preciso dar fôlego aos empresários para gerar um círculo virtuoso.

CEO da multinacional brasileira de tecnologia Stefanini, Marco Stefanini espera que, em 2023, haja maior cooperação entre os países para reduzir a desigualdade social,  ele lembra que o ano começa mais adverso em termos econômicos, diante do cenário global de menos crescimento e a incerteza sobre a política econômica que será adotada no Brasil.

Porem o  desafio, segundo , ele:  É  buscar um país mais liberal, em que o Estado atue com foco em segurança, saúde e educação, deixando negócios para o setor privado. Ele defende medidas para desburocratizar a economia melhorando o ambiente de negócios. E gostaria de ver mais investimento em educação nas carreiras de exatas.

Fonte: O Globo

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