Além dos Shoppings Iguatemi, Salvador e Paralela, as ruas de São Marcos e Pau da Lima, onde o comércio também é forte, receberam a Campanha, e a palavra de ordem foi mobilizar a categoria para, unida, reivindicar melhores condições de trabalho e salário forte. “Estivemos nas festas populares da Lavagem do Bonfim, Iemanjá e carnaval levando nossas bandeiras de lutas agora a Campanha chegou às ruas. Este ano estamos buscando a valorização das diferenças e um salário forte. O comércio de Salvador vem crescendo por sete anos consecutivos acima da média nacional e é preciso valorizar aqueles que colocam Salvador como o 3º maior do país. Este é um tema importante para nossa cidade e para a categoria porque há uma diferenciação nos salários. As mulheres recebem salários menores que os dos homens. E quando se trata da questão étnica, a mulher negra recebe menos que a branca e o homem negro menos que o homem branco. Queremos a valorização das diferenças, igualdade de oportunidades para todos e acabar com as desigualdades ”, disse Jaelson Dourado, presidente do Sindicato.
Setor aquecido
De acordo com o IBGE, de janeiro a novembro de 2012 o comércio cresceu 10,3% em comparação ao mesmo período de 2011, empregou 9,5% do total da mão de obra nacional e foi responsável por 3,6% da receita bruta total gerada pela economia brasileira. Apesar de Salvador ter o maior comércio do Norte/Nordeste, o piso da categoria é um dos menores do país, atrás de cidades como João Pessoa e Recife (R$ 726). “Vamos ampliar os direitos e as conquistas de 2012. Os dados mostram que a Convenção Coletiva de 2012 foi uma das melhores dos últimos. Vamos ampliar os direitos dos trabalhadores, mas para isso precisamos compartilhar essa ideia para que tenhamos êxito em 2013”, destacou Plínio Botelho, vice-presidente do Sindicato.
Mulher comerciária
Ainda de acordo com o IBGE, em Salvador a categoria é formada por cerca de 300mil trabalhadores. Do total, 52% é mulheres, que tem uma carga horária excessiva, tripla jornada, são perseguidas e humilhadas no ambiente de trabalho e normalmente recebem salários menores que os dos homens. “Em pesquisas realizadas observamos preconceito e discriminação na forma como as comerciárias vem sendo tratadas. É uma forma vergonhosa e desumana, principalmente com as mulheres grávidas, que são colocadas no fundo das lojas para trabalhar sem direito a se sentar. E não é só isso, as mulheres negras continuam ganhando menos que as brancas e menos ainda que os homens. Continuam ocupando espaços subalternos na empresa, que não condizem com nossa realidade. Em 2013 estamos com a Campanha forte. Não queremos mais nenhum tipo de opressão, discriminação e homofobia às comerciários e os comerciários de Salvador”, observou Cherry Almeida, coordenadora da Secretaria de Gênero, Raça e Etnia.
Vendas nos shoppings
O ambiente é favorável também para os trabalhadores dos shoppings centers. De acordo com a Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce) as vendas nos estabelecimentos do país subiram 10,65% em 2012. O coordenador Renato Ezequiel destacou a importância da participação e união da categoria na conquista de direitos. “A categoria tem que se mobilizar, até porque o comércio de Salvador vem atraindo empresas nacionais e internacionais para a nossa cidade. Isso é fruto do trabalho dos comerciários e este é o momento exato para que os comerciários se mobilizem para que possamos fazer uma grande campanha e buscar as reivindicações a que se faz direito”
No Atakarejo manifestação ganhou adesão dos clientes
A Campanha Salarial 2013 também chegou nos supermercados de Salvador, e em visita às lojas G Barbosa, Hiper Bompreço Iguatemi e Atakarejo os dois Sindicatos flagraram diversas práticas abusivas que desrespeitam as Leis trabalhistas e a Convenção Coletiva de Trabalho. E para protestar contra os abusos, uma grande manifestação tomou a loja e ganhou a adesão dos clientes, que demostraram indignação e revolta devido a falta de empacotadores na loja.
A ausência os profissionais é um desrespeito à Lei Orgânica do Município, que obriga os estabelecimentos a contratarem empacotadores para embalar as mercadorias. Quando não cumprem a Lei, as empresas praticam outro crime, o desvio de função, ao obrigarem as operadoras de caixa a embalar as mercadorias. Em outros casos, são os clientes que acabam exercendo a função de empacotador. “Nesta Campanha Salarial vamos observar o comportamento da classe patronal, que além de pagar salários baixos e não valorizar a mão de obra de seus empregados, ainda explora os clientes. Hoje, aqui na loja do Atakarejo acabamos de dar este flagrante. Não tem empacotadores nos caixas e a exploração é tamanha. São os caixas ou os clientes que tem que empacotar as mercadorias. No caso dos caixas fica claro o desvio de função. Este setor é o que mais cresce, mais fatura e mais inaugura lojas. O GBarbosa, por exemplo, vai inaugurar 10 lojas este ano e o Atakarejo começou com uma e já possui 5 lojas. Tudo isso é fruto da dedicação e do esforço de quem trabalha nos supermercados ”, completou Adilson Alves, presidente do Sintrasuper.
Manifestação na Tend Tudo repudia demissão de líder sindical
No mesmo dia outra atividade que ganhou a adesão dos clientes foi a manifestação realizada na loja Tend Tudo, Tancredo Neves, que desrespeitou as Leis e a luta sindical ao demitir a sindicalista Sueli Bahia. Um ato de repúdio foi realizado na loja, que também explora os clientes com o “troco premiado” e ainda demite as operadoras de caixa que não forçam a venda do título aos clientes. “Sempre cumpri meus horários e nunca recebi uma suspensão, são 11 anos de empresa e nunca tive problema algum nem discussão com gerentes ou colegas de trabalho. Como cipista e diretora do Sindicato, consegui cadeiras novas para as operadoras de caixas, que andavam quebradas, conseguimos consertar as escadas e aumentar o valor do tiket, por tudo isso acredito que devo estar sendo penalizada”, concluiu Sueli.
Na ocasião, palavras de ordem foram proferidas por clientes e sindicalistas, que, revoltados, vão acionar o Ministério Público e a Justiça do Trabalho para que Sueli não saia prejudicada após 11 anos de trabalho prestados com competência e compromisso, demitida por reivindicar direitos e benefícios para os colegas de trabalho.