Estiveram presentes representantes da Unegro Bahia; Instituto Luís Gama; Bloco Afro Ilê Aiyê; União Brasileira de Mulheres (UBM); Secretaria de Reparação do Município; Federação dos Comerciários da Bahia (FEC) e da Central de Trabalhadores do Brasil (CTB).
Disparidade
De acordo com a Pesquisa de Emprego e Desemprego da Região Metropolitana de Salvador, realizada pelo Dieese, 92,6% dos desempregados são negros. Com relação a salários, eles recebem 59% do valor pago aos não negros e ocupam 61,9% dos empregos braçais. No que diz respeito a escolaridade, 27,3% dos afro-brasileiros ocupados em 2012 não concluíram o ensino fundamental e apenas 11,8% possuíam ensino superior. “Este debate é para conscientizar as pessoas sobre seus direitos. No comércio de Salvador a discriminação é forte, é gritante. Onde a mulher negra recebe menos que a mulher branca e o homem negro menos que o branco. Uma realidade inaceitável e que precisa ser combatida.”, declarou Jaelson Dourado, presidente do Sindicato.
Supermercados
Nos supermercados de Salvador a situação não é diferente. Dentro das lojas os negros ocupam os cargos de menor remuneração. “Eu chamo a atenção para uma situação mais grave: não vemos gerentes negros nos supermercados assim como não há em outros segmentos do comércio. O Sintrasuper tem a responsabilidade de fazer o debate e cobrar do poder público e dos empresários o combate à discriminação racial, que é fruto de um sistema desigual.”, pontuou Antonio Suzart, vice presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Supermercados (Sintrasuper).
Mudanças
Olívia Santana, que há mais de 25 anos faz parte do Movimento Negro, foi vereadora da cidade e é presidente municipal do Partido Comunista do Brasil, participou da atividade e falou das mudanças. “O debate contra a discriminação racial precisa acontecer. Precisamos entender as raízes do racismo no Brasil e cada vez mais ganhar consciências coletivas para transformar a sociedade, especialmente o mercado de trabalho, que é extremamente desigual. Em 25 anos de luta ví conquistas importantes. Entre elas, a Lei 10.639, que obriga o ensino da história e da cultura afro nas escolas; o Estatuto Nacional da Igualdade Racial; as cotas, etc. Temos avanços importantes mas a luta ainda precisa acontecer de maneira intensa porque as desigualdades são profundas.”, afirmou.
Bahia é o 7º estado em mortes de negros
Segundo a pesquisa “Vidas Perdidas e Racismo no Brasil”, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a Bahia é o sétimo estado brasileiro com mais homicídios de negros. “Temos que ter mais ações articuladas com saúde, educação e participação da sociedade, das igrejas, das irmandades e dos terreiros. Porque chegamos a uma situação difícil e de complexidade grande. Se organizou no Brasil uma estrutura criminosa que é forte e para combatê-la precisamos da ajuda de todos.”, destacou Ailton Ferreira, Superintendente dos Direitos Humanos da Secretaria de Justiça.
Atividades culturais
Ao final das atividades o público foi presenteado com um desfile de moda afro, organizado pelo grupo Aruá de mulheres negras do Garcia; apresentação teatral; capoeira e dança da terceira idade. “Nosso objetivo é levar o debate e a conscientização para os comerciários e sociedade em geral, através de temas importantes que formam e informam o nosso povo. Fechar as atividades com o grupo Fênix e com o espetáculo Os filhos da abolição foi uma consagração de tudo que foi pensado e idealizado para a data. “, concluiu Cherry Almeida, secretária de gênero, raça e etnia do Sindicato.