Já no início da rodada, os patrões apresentaram sua posição de não alterar as cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho do ano passado e propuseram o percentual de 3% sobre os salários de 2015. Entretanto, não concordam em efetuar a reposição da inflação, tampouco apresentaramqualque proposta de ganho real. Os patrões dizem que querem fechar a CCT, com máxima brevidade, para evitar desgastes.
Adilson Alves, presidente do Sintrasuper, disse que a proposta patronal pode ser reconhecida como uma disposição de avançar nas negociações, mas que entende que os patrões demontram muita timidez, que não corresponde ao tamanho dos grupos supermercadistas baianos. Ele também voltou a afirmar que os trabalhadores não têm a intenção de recuar da necessidade de reposição da inflação, tampouco abrem mão de que se tenha ganho real. Para os sindicalistas, a manutenção das demais cláusulas também significaria um retrocesso.
O dirigente do Sintrasuper, Evangelista Rios, afirmou que os trabalhadores estão discutindo salários com empresários a quem a imprensa definiu como “clube do milhão”. Ele considera que, embora alguns setores da economia tenham sofrido um arrefecimento decorrente da crise mundial, a partir de 2008, outros setores não tiveram perdas. “É o caso do comércio, em especial, o ramo de supermercados, que é um setor dinâmico na economia”, disse. Evangelista defendeu que a negociação deveria partir da reposição das perdas salariais.
Reginaldo Oliveira, presidente da Federação dos Empregados no Comércio da Bahia (FEC Bahia), começou chamando a atenção para o fato de que era “preciso levar em conta que o setor supermercadista, que ocupa um papel dinâmico na sociedade, bem como, tem ampla experiência organizativa e de negociação, deveria considerar a diferença entre a negociação da compra em grandes quantidades, para baixar preços e a negociação da força de trabalho, aquela que movimenta o setor econômico”.
Oliveira frisou que a proposta era irreal para os trabalhadores que tiveram um ano inteiro de perdas e que entendia que o setor patronal poderia considerar que a sua força e capacidade de apresentar uma proposta melhor aos trabalhadores estava sendo subestimada pelos próprios empresários.
Diante do debate travado, os patrões chegaram a proposta de 6%, demonstrando que é possível avançar e que a margem percentual pode aumentar consideravelmente. Os trabalhadores se dispuseram a negociar o índice de ganho real, desde que seja garantida a reposição das perdas salariais, decorrentes da inflação do último ano. A próxima reunião será no dia 21 de março.