No meio da campanha do segundo turno para a sucessão presidencial, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que, se eleito, o presidente irá acabar com o reajuste automático do salário mínimo e dos proventos de aposentadoria.
Como se sabe, o artigo 7º da Constituição determina que o salário mínimo deve ter “reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo”, precisa, portanto, pelo menos repor a perda inflacionária.
Se o salário mínimo fosse reajustado abaixo da inflação, como quer Bolsonaro, o prejuízo para a população mais pobre seria violento. Esta proposta adicional de arrocho nos salários e nas aposentadorias não é novidade no atual governo.
Nos últimos anos, a política de valorização do salário mínimo iniciada no governo Lula foi abandonada. Com reajustes menores e sem aumento real, hoje o salário mínimo compra cada vez menos itens da cesta básica.
No Brasil, 56,7 milhões de pessoas, segundo estudo divulgado no início do ano pelo Dieese, tem renda de um salário mínimo. Os principais prejudicados seriam os 24,166 milhões de aposentados e pensionistas e 15,879 milhões de empregados.
A medida, caso venha a ser concretizada, de tabela atingiria também o seguro-desemprego, o Benefício de Prestação Continuada e outros programas sociais. Em bom português, aumentaria a concentração de renda e a pobreza no país.
Este tipo de proposta escancara o claro descompromisso do atual presidente com os trabalhadores e a população pobre. Mostra também que, se depender da dupla Bolsonaro & Guedes, a economia brasileira vai continuar chafurdando no atoleiro.
Esse arrocho nos salários e nas aposentadorias combinado com a falta de perspectiva para a economia agravariam os problemas sociais do país, em especial o desemprego, o subemprego e a precarização do trabalho.
Para aliviar o desgaste com a proposta e os impactos eleitorais, o ministro Guedes tergiversa e, para tornar o dito pelo não dito, afirma que, se houver condições favoráveis, o arrocho salarial e previdenciário poderia ser revisto.
Mas para reverter de fato este quadro, o caminho são as diretrizes programáticas da candidatura Lula/Alckmin. Elas defendem com força o aumento real do salário mínimo como medida socialmente justa e um dos pilares do crescimento econômico.
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As diretrizes defendem a volta da política de valorização do salário mínimo para recuperar o poder de compra dos trabalhadores e beneficiários das políticas previdenciárias e assistenciais, essenciais para dinamizar a economia.
Mercado de trabalho robusto, com empregos de qualidade e maiores salários, e aposentadorias valorizadas fortalecem o mercado interno e criam uma dinâmica positiva na economia: com maior renda, há aumento do consumo e da produção.
Por todas essas razões, trabalhadores e aposentados devem rechaçar essa proposta indecorosa de arrocho salarial e das aposentadorias e lutar por um novo governo que assegure o retorno da política de valorização permanente do salário mínimo.
O crescimento em amplitude e intensidade da campanha Lula/Alckmin e os novos apoios que ela vem recebendo mostram que há luz no fim do túnel e que o pesadelo bolsonarista não pode continuar.
Fonte: Portal Vermelho