Imagem: Bem Paraná
Uma novidade no varejo baiano promete gerar grande polêmica na Bahia: uma empresa sem funcionários. É da rede supermercadista Hiperideal, que vai inaugurar o “Hiperideal Em Casa”, para funcionar em condomínios residenciais.
A loja será aberta nesta terça (24) e terá acesso disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana. O mercado ficará localizado no condomínio Costa España, localizado na Barra. São 28m² e com acesso exclusivo para os moradores maiores de 18 anos, que poderão utilizar o estabelecimento após cadastro biométrico interligado com o aplicativo próprio da rede.
No aplicativo, uma seleção de produtos com 200 itens estará disponível e montada de acordo com as preferências da comunidade. O sistema contará ainda com self-checkout para cartões de crédito, débito, alimentação e refeição. Segundo a empresa, há planos de expandir a iniciativa para outros condomínios da cidade.
IMPACTOS
Toda inovação tecnológica profunda que surgiu sempre provocou inquietações e perguntas para trabalhadores e o movimento sindical: É o fim do empregos tradicionais? Quais os impactos na sociedade e na vida das pessoas? Logicamente, é impossível que lojas desse tipo atendam toda a população. Ainda teremos a grande maioria de supermercados com funcionários, mas com bem menos gente empregada.
A categoria comerciária, especialmente do setor de supermercados, tem sofrido com os constantes avanços. As mudanças nos caixas (leitura ótica, balança de peso no local, fim dos empacotadores) reduziram custos e garantiram grande produtividade para as empresas. Mas, prejudicaram a saúde física e mental das trabalhadoras e dos trabalhadores (pessoas com LER/DORT, afastadas por doenças e com problemas psicológicos).
Vimos, também, a utilização dos promotores de vendas das fornecedoras para repor e organizar mercadorias nas prateleiras, praticamente eliminando a função de repositor. Menos gente, passou-se a trabalhar mais com tanta inovação e novas formas de gerenciamento.
ATENTO, SINTRASUPER APONTA CAMINHOS
Ligado nas mudanças, o SintraSuper se posiciona sobre o assunto. “Pela lógica, muita tecnologia é para melhorar a vida das pessoas e da sociedade. O que se vê é que tem ajudado uma parcela mínima da população. Para a classe trabalhadora e a maioria do povo, vemos precarização do trabalho e da vida”, afirma a presidenta do sindicato, Rosa de Souza.
Segundo a dirigente, “está na ordem do dia o debate sobre a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e pela semana de 4 dias de trabalho”. Aliás, muitos países já estão realizando experiências positivas: Emirados Árabes Unidos, Islândia e Bélgica já adotam este modelo com 32 horas semanais. Foi testada e aprovada no Reino Unido: 92% das empresas que participaram do projeto-piloto, realizado entre junho e dezembro de 2022, vão manter o formato de trabalho mais curto.
“É importante que as centrais sindicais e entidades nacionais pautem isso no Grupo de Trabalho criado pelo governo Lula para ver mudanças na legislação trabalhista. Não é mais possível o Brasil ficar adiando esse debate. Uma lei federal pode ajudar muito. Mas, enquanto não se torna realidade, vamos lutar para colocar cláusulas nas Convenções Coletivas que reduzam os impactos negativos de mudanças tecnológicas implementadas pelos supermercados”, destaca.
com informações do Bahia Econômica