O erro contábil de ao menos R$ 20 bilhões nas demonstrações financeiras da Americanas atinge a companhia no momento em que ela já patinava para aumentar sua rentabilidade em meio a uma fase ruim para o setor varejista.
De um lado, a Americanas já enfrentava dificuldades derivadas da reorganização societária que levou à incorporação da antiga B2W (dona de Americanas.com e Submarino) em seu negócio. Sofria ainda para com a operação das redes Hortifruti e Natural da Terra, fruto de uma aquisição feita em 2021 e que sempre teve desempenho abaixo do esperado.
De outro lado, o cenário macroeconômico não é promissor para o varejo, uma vez que desemprego e inflação ainda estão em níveis elevados, bem como os juros, que ainda não têm perspectiva de redução significativa no curto prazo.
O setor como um todo não vai bem e, especialmente no varejo digital, há uma competição acirrada entre Americanas e outros operadores como Magazine Luiza, Via (controladora de Casas Bahia e Ponto), Amazon e Mercado Livre. Com juros altos, a alavancagem (endividamento) elevada da Americanas é um problema adicional afirma ele.
Diretores da Americanas venderam ações meses antes da revelação do rombo de R$ 20 bi que derreteu cotação e com a revelação do rombo contábil e a consequente necessidade de rever os balanços e levantar capital, há no mercado forte reticência em financiar a empresa no momento, mesmo com um aporte adicional dos acionistas de referência da empresa.
Os dados mais recentes divulgados pela varejista , referentes ao terceiro trimestre, indicavam endividamento de R$ 19,32 bilhões para um caixa de R$ 4,26 bilhões. Existe um respeito pelo trio, que, de certa forma, sempre blindou a Americanas de críticas de analistas que seriam pertinentes. Agora, perdeu-se o receio de criticar a empresa — afirma Pimentel.
Para ele, a dificuldade de levantar capital se somará aos problemas do modelo de negócios da Americanas: Se os acionistas bancarem a capitalização, a crise é contornável do ponto de vista financeiro, mas o fato é que esse modelo de negócios com dívida alta pode não parar em pé sozinho.
Fonte :O Globo